Pedreiro é solto no Ceará após 16 anos preso por crime que não cometeu
Uma velha frase diz que anos
jamais serão apenas dias. Esta sentença, ainda que clichê, é a que mais se
enquadra na realidade vivida pelo pedreiro Cícero José de Melo, que passou 16
anos preso enquanto tentava provar inocência. No mandado de detenção, o homem
havia sido acusado de tentativa de homicídio injustamente e, após muitas
tentativas, nessa quinta-feira (8/4) foi considerado inocente e, depois, solto,
em Juazeiro do Norte, Ceará. Me considero como se eu tivesse sido sequestrado por um
crime que eu não cometi nem contra o Estado, nem contra a sociedade”, disse o
pedreiro ao Diário do Nordeste.
O caso, desde o começo, se
tratou de uma incoerência e de um equívoco policial. Em 18 de novembro de 2005,
Cícero estava na rua, no Crato (CE), com um amigo, quando teria sido
surpreendido por uma equipe de agentes
policiais. O homem, que não estava com documento de identificação na
hora da ação, teria sido imediatamente acusado de cometer um crime, que não
tinha nem conhecimento de qual era.
Me colocaram dentro da
viatura, me fizeram passar vergonha. As pessoas olhando para mim como se eu
tivesse cometido crime mesmo. Eu falando que era inocente e eles rindo de mim,
rindo da minha cara”, declarou Cícero. Cícero não contou com nenhum apoio para
defendê-lo frente à injustiça. Em entrevista, ele declarou que, enquanto esteve
encarcerado na Penitenciária Industrial e Regional do Cariri, lutou sozinho
para provar a própria liberdade. “Nunca tive visita. Eu vivi no abandono. Quem
me confortava era Deus e meus parceiros de cela”, lamentou. Processo de soltura
Cícero chamou a atenção de um
advogado, chamado Roberto Duarte, que se interessou em auxiliá-lo para ter a
garantia de liberdade. Desde 2005, o homem não havia sido ouvido por nenhum
agente de Justiça e nenhum dos juízes envolvidos no caso procurou ouvir
testemunhas ou conhecidos da vítima.
“Comecei a investigar
possíveis processos nas comarcas do interior e na capital e nada de achar. Fiz
uma visita ao Cícero. Nessa visita, colhi a procuração dele, fiz requerimento
administrativo junto à direção da Pirc e fui respondido com o alvará de
soltura”, relembrou o advogado.
Após pedido do advogado, a
juíza corregedora de presídios, Maria Lúcia Vieira, emitiu um documento para
solicitar providências para analisar a situação de Cícero em relação à Justiça.
Tendo em vista a falta de provas, foi decidido o fim da prisão provisória do
homem.
Evidente
ilegalidade
“Torna-se imprescindível o
relaxamento da prisão do custodiado a fim de sanar a evidente ilegalidade da
sua prisão, vez que não há informações, motivos que fundamentem sua manutenção
em cárcere”, disse o ofício. Agora que está liberto, o homem está em busca da
família e amigos, com quem perdeu o contato há anos. Segundo ele, os conhecidos
não tiveram conhecimento de sua prisão.
“Passei 16 anos preso
injustamente. Eu servi o Exército. Meu sonho era colocar meu filho no Colégio
Militar. E esse sonho tiraram de mim. Eu me senti péssimo. É difícil se manter
no Sistema Penitenciário com pessoas que cometeram crimes e eu sem ter
cometido. Jamais eu ia mentir: se eu tivesse cometido um crime, eu diria. Quem
comete um crime tem mesmo que pagar pelo que fez”, explicou o pedreiro.
Agora que está liberto, o
homem está em busca da família e amigos, com quem perdeu o contato há anos.
Segundo ele, os conhecidos não tiveram conhecimento de sua prisão.
“Passei 16 anos preso injustamente. Eu servi o Exército. Meu sonho era
colocar meu filho no Colégio Militar. E esse sonho tiraram de mim. Eu me senti
péssimo. É difícil se manter no Sistema Penitenciário com pessoas que cometeram
crimes e eu sem ter cometido. Jamais eu ia mentir: se eu tivesse cometido um
crime, eu diria. Quem comete um crime tem mesmo que pagar pelo que fez”,
explicou o pedreiro.
FONTE: https://www.metropoles.com/brasil
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