DESDE 2019 O GOVERNO DO ESTADO QUER A MUNICIPALIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO DAS SÉRIES INICIAIS DO 1º AO 5º ANO
Minas
Gerais tem mais de 600 mil vagas de ensino fundamental (1° ao 5° ano) em
escolas públicas estaduais. Mas, em médio prazo, o número de cadeiras nessa
etapa sob responsabilidade do Estado será cada ano menor, já que a Secretaria
de Estado de Educação segue com o processo de municipalização das escolas que
atendem as séries iniciais. Até o fim deste ano, 13 instituições de ensino
deverão passar para a gestão das prefeituras.
“A municipalização dos anos iniciais tem
histórico longo na política educacional brasileira. Minas Gerais é o segundo
Estado com a municipalização mais atrasada em relação ao Brasil. Entendemos que
é um processo que tem que ser trabalhado com muito cuidado, dependendo do grau
de desenvolvimento de cada município”, explica a secretária de Estado de
Educação, Julia Sant’Anna.
A representante da pasta no Estado afirma
que não há uma meta ou um prazo para a municipalização das vagas de ensino
fundamental. Mas ela defende que o processo ocorra de forma progressiva. “É o
que está definido na Constituição Federal. Entende-se que os anos iniciais são
uma etapa de importante gestão do município, e temos que prestar assistência
quando ele não conseguir”, justifica.
Conforme a Constituição, é de competência
municipal a oferta da educação infantil e da fundamental. Já ao Estado cabe
assegurar, com prioridade, o ensino médio. Em caso de municipalização, o
recurso para arcar com os custos da instituição de ensino devem sair dos cofres
federais.
Opiniões
Para o professor da Faculdade de Educação
da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Heli Sabino de Oliveira, em
alguns casos, a municipalização pode melhorar o ensino. “Se for em um município
estruturado, é uma boa opção porque o poder local tem mais condições de
acompanhar o desenvolvimento da oferta de vagas, de promover formações
continuadas adequadas com as necessidades daquela região. O Estado está mais
distante das pessoas do que a prefeitura”, afirma. Mas ele pondera: “É uma
política que tem que ser pensada e avaliada caso a caso. O que não pode ser é
uma opção de economia para o Estado em um momento de crise nos municípios”.
A coordenadora geral do Sindicato Único dos
Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), Denise Romano, questiona
a municipalização. “A LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional)
garante que a oferta de educação infantil de 0 a 5 anos é de responsabilidade
dos municípios. Mas as prefeituras só devem absorver outros tipos de demanda
quando se universaliza o atendimento para o qual ele é responsabilizado. Ou
seja, se não tiver vagas para todas as crianças até 5 anos, o município
precisará de um apoio”, afirma. Segundo informações da SEE-MG, até o momento, o
ritmo de municipalização segue compatível com o dos últimos dez anos.
Reformas em 342 instituições ao custo de R$
49,7 mi
Em duas etapas do programa de revitalização
de escolas estaduais Mãos à Obra, o governo de Minas beneficiou 342
instituições de ensino neste ano. Foram investidos R$ 49,7 milhões em pequenos
reparos estruturais. Para o fechamento de 2019, a Secretaria de Estado de
Educação (SEE-MG) planeja lançar a terceira edição, com números mais
expressivos.
“Acho que vamos conseguir que essa seja a
mais expressiva das três edições em número de escolas e investimentos. Estamos
fechando a organização e devemos anunciar em meados de dezembro para a execução
ao longo do período de recesso escolar”, explica a secretária de Estado de
Educação, Julia Sant’Anna.
Com o investimento, a representante da
pasta acredita que o governo conseguirá cumprir o mínimo constitucional em
despesas com manutenção e desenvolvimento do ensino, que é de 25% em relação à
receita líquida de impostos. Levantamento feito pela Assembleia Legislativa de
Minas Gerais mostrou que, no primeiro quadrimestre do ano, essa regra não
estava sendo cumprida.
Apesar de acreditar que não deva haver
redução nos investimentos até o fechamento do ano, Julia não garante o mesmo
para o pagamento do piso nacional dos professores, de R$ 2.557. “A gente
entende que a prioridade agora é melhorar a escala de pagamento e executar bem
o pagamento do 13°”, afirma.
O descontentamento com a situação fez com
que os professores realizassem nove manifestações ao longo do ano. “Em 2015,
conquistamos a garantia de receber o piso federal, mas nunca ganhamos esse
valor”, reclama a coordenadora geral do Sindicato Único dos Trabalhadores em
Educação de Minas Gerais (Sind-UTE/MG), Denise Romano.
Fonte:Jornal
o Tempo(MATÉRIA PUBLICADA NO DIA 16/12/19 - 02h38
https://www.otempo.com.br/politica/gestao-de-escolas-passa-para-os-municipios-1.2274492
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