''VI A MORTE DE PERTO'' DIZ MULHER TRANS ESPANCADA POR DONO DE BAR EM MANGA-MG
A transexual Alexia Fabian Meira de Abreu, de
41 anos foi espancada por um homem, no último dia 12 de fevereiro, em Manga, no
Norte de Minas. Mas, o boletim de ocorrências foi feito por ela nesta
quinta-feira (18). O agressor é dono de um bar, e a agressão aconteceu após a
vítima chegar ao estabelecimento e pedir uma bebida. Eu fui recebida com dois
socos no rosto. O proprietário me deu um murro do lado direito, eu reclamei e
ele me deu outro murro do lado esquerdo”, diz. Alexia completa dizendo que
não sabe ao certo o porque da agressão e segundo ela, pessoas que estavam no
local ficaram revoltadas. O estabelecimento tem o costume de receber pessoas do
Grupo LGBTQI+.
A
vítima ligou para a Polícia Militar, mas ninguém apareceu. Com raiva da
situação, ela esperou o bar fechar, foi até um posto de combustíveis, comprou
gasolina, jogou em uma das entradas do estabelecimento e ateou
fogo. “Esperei e nada da polícia chegar, então fiz isso. Eu sei que fui
errada e assumo, mas fiquei indignada porque fui e agredida e não tive o
atendimento da polícia”.
O estabelecimento não chegou a ser atingido pelas chamas. Nesse
momento, o dono voltou ao bar e novamente agrediu Alexia, só que dessa vez com
um pedaço de pau e um chicote. Durante a agressão, a bolsa de Alexia caiu no
chão, momento em que um homem passou pelo local, roubou os pertences dela e
fugiu. A mulher conseguiu escapar das agressões e correu atrás do ladrão, mas
não conseguiu encontrá-lo.
Quando
voltava para a casa, o dono do bar estava esperando a vítima próximo a câmara
de vereadores da cidade, e novamente agrediu Alexia. “Via morte de perto. Se
não fosse a polícia que estivesse passado, nessa hora eu não estaria
conversando com vocês”.
De
acordo com Alexia, apenas nessa terceira agressão é que a polícia apareceu e
mesmo assim não permitiu que ela fizesse um boletim de ocorrências. A vítima
conta que a guarnição a levou até a Fundação Hospitalar de Amparo ao Homem do
Campo, em Manga, onde foi atendida e medicada. Alexia teve ferimentos por
todo o corpo.
Nesta quinta-feira (18), Alexia conseguiu
registrar um boletim de ocorrências; ela também procurou a Polícia Civil e
espera por justiça. “A Polícia Civil vai investigar o porque a polícia não atendeu
no momento do primeiro chamado. Se a polícia tivesse chegado no momento em que
eu fiz as três primeiras ligações, durante a primeira agressão, eu acredito que
não teria chegado a esse ponto”. Alexia acredita que o fato de não ter sido
atendida foi discriminação, por ela ser uma mulher trans.
O Webterra tentou
contato com a Polícia Militar de Manga para saber porque não foi possível
atender ao chamado no dia da agressão, mas até o momento não obtivemos sucesso.
A defesa do dono do bar, que agrediu a vítima, também não foi encontrada. Assim
que os citados na reportagem forem localizados, esta matéria poderá ser
atualizada.
Comoção
A agressão à Alexia gerou comoção e
revolta nas redes sociais. A Aliança Nacional LGBTI+, recebeu diversas
denúncias sobre o caso e manifestou por meio de nota. A entidade, Através
da Coordenadora Adjunta Estadual em Montes Claros-MG, Letícia Ferreira
Imperatriz, repudiou o ato de violência.
“No
Brasil “chegamos a 151 assassinatos de pessoas [trans] nos dez primeiros meses
de 2020. Nesse mesmo período já temos 22% mais mortes do que o ano de 2019
inteiro, onde tivemos 124 assassinatos. É possível perceber que os
direitos fundamentais dessas minorias populacionais, não estão sendo
respeitados”, lembrou a nota.
A entidade ressaltou ainda que “desde
13 de junho de 2019, as violências físicas e/ou verbais justificadas pela
aversão à identidade sexual ou de gênero das pessoas LGBTI+, configuram-se, de
acordo o Supremo Tribunal Federal (STF), enquanto crimes de racismo que ferem a
dignidade e o princípio da igualdade humana garantidos pela Constituição
Federal de 1988”.
A Aliança afirmou que vai acompanhar
o caso e que espera que o agressor seja penalizado.
fonte:webterra.com.br
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