Mulher convivia com 500 escorpiões em casa sem saber em Montes Claros
Uma mulher descobriu que
convivia com 500 escorpiões na casa onde mora em Montes Claros, Norte de Minas
Gerais. Os animais peçonhentos foram encontrados quando uma equipe do Centro de
Controle de Zoonoses (CCZ) foi até o imóvel, na Vila Exposição, para averiguar
uma denúncia de que poderia haver focos do mosquito Aedes aegypti na
residência.
“Recebemos a denúncia, fomos investigar nesta sexta-feira e nos
deparamos com essa situação crítica. Ela tem 60 anos, mora sozinha e nos disse
que não sabia disso e que nunca foi picada”, fala o coordenador do CCZ,
Flamarion Cardoso.
Segundo Cardoso, a maior parte dos animais peçonhentos foi encontrada
em uma porta de madeira e em restos de materiais de construção. Algumas das
principais formas de evitar o aparecimento e reprodução desse tipo de bicho é
manter o local limpo e evitar o acúmulo de materiais.
“Uma casa com essa quantidade de escorpiões acaba causando uma
infestação muito maior. Tivemos relatos que os escorpiões estavam aparecendo na
casa de vizinhos. A residência oferece as condições favoráveis como, umidade,
calor e muito material acumulado”, completa o coordenador do centro.
Flamarion Cardoso acionou o Centro de Referência de Assistência Social
(CRAS) para ajudar a mulher.
"Temos um servidor na nossa equipe que
trabalha há 36 anos no CCZ e afirma nunca ter visto nada do tipo",
destaca.
O G1 entrou
em contato com a assessoria de comunicação da Prefeitura que informou que a
equipe técnica do CRAS, formada por psicólogos e assistentes sociais, irá
visitar a moradora, analisando sua situação e fazendo os encaminhamentos
necessários para as redes municipais de Saúde e Assistência Social.
Cuidados com escorpiões devem ser redobrados no verão
“Com as
altas temperaturas, os escorpiões saem do abrigo para realizar a reprodução e
procurar novos ninhos, os acidentes ocorrem nessa transição”, explica o pediatra
Carlos Lopo. Com as chuvas, é ainda mais comum os animais saírem dos locais
onde estão.
O médico
destaca que o veneno do escorpião oferece maiores riscos para pessoas abaixo
dos sete anos e acima dos 65. Segundo o médico, nessas faixas de idade o metabolismo
é mais lento. No caso das crianças, a relação entre peso e a quantidade de
veneno é um complicador. Já para os idosos, doenças preexistentes, como
diabetes e hipertensão, podem agravar a situação.
Carlos
Lopo destaca que em casos classificados como leves, o paciente sente apenas
dor. “O veneno é neurotóxico, ou seja, afeta o sistema nervoso. Isso quer dizer
que se uma pessoa leva uma picada na mão, pode sentir dor até no ombro”,
complementa.
Nos casos
moderados ou graves, pode haver sintomas como sudorese, palidez, alteração da
circulação, vômitos, entre outros. O agravamento do quadro pode levar a edema
do pulmão, insuficiência cardíaca, convulsão e derrame.
“Uma vez
ferroado, o paciente deve ser levado o mais rápido para a unidade de saúde. Não
deve-se passar nada no local, nem fazer torniquete ou cortes, que aumentam as
chances de infecção. O soro é utilizado dentro da faixa de risco. Fora dela,
avaliamos o quadro para verificar a necessidade”, diz o médico.
As
espécies mais comuns na região são a Tityus bahiensis e a Tityus serrulatus,
escorpiões preto e amarelo, respectivamente. O último é o mais preocupante, mas
o tratamento é o mesmo para ambos.
“É
preciso evitar acúmulo de materiais de construção, lixo e mato. Manter os
ambientes limpos é a principal medida para evitar acidentes com animais
peçonhentos de forma geral”, fala.
Lopo
ainda diz que apesar do costume de se criar galinhas, elas têm hábito diurnos,
enquanto os escorpiões são noturnos. A aplicação de produtos para o controle
desses animais peçonhentos também não é recomendada, já que não provoca morte e
pode fazer com que eles deixem os esconderijos, aumentando a chance de
acidentes.(G1 GRANDE MINAS)
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