Menino de três anos morre após ser picado por escorpião no Norte de MG
Um menino de três anos, natural de Bocaiuva (MG), morreu após ser picado
por um escorpião nesta segunda-feira (9). A criança foi atendida na cidade de
origem e precisou ser encaminhada para o Hospital Universitário Clemente Faria
(HUCF), em Montes Claros (MG), por conta da gravidade do estado de saúde.
A assessoria de comunicação do HUCF explicou que o
menino faleceu após ter complicações decorrentes da picada do animal
peçonhento. O médico infectologista Tiago Soares Fonseca explica que as
crianças são mais vulneráveis a esse tipo de situação, porque o veneno fica em
maior concentração no organismo delas, já que têm peso menor do que os adultos.
“Inicialmente temos dois órgãos que são mais
afetados, o coração e o pulmão. Em uma linguagem simples, o coração fica fraco
e não consegue bombear o sangue, é o que chamamos de choque cardiogênico. E o
pulmão fica encharcado dos líquidos que compõem o sangue, o que caracteriza um
edema agudo”, explica o médico.
Tiago Fonseca destaca que se os dois órgãos não
funcionarem, acabam afetando os demais. “O sangue e o oxigênio não são levados
aos outros tecidos e órgãos, agravando o quadro do paciente”, completa.
Menino na UTI
Outro menino, de cinco anos, que é de São Francisco
(MG) está internado na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Universitário,
ele chegou no domingo (8). A família mora na zona rural do município e o garoto
foi picado por dois escorpiões na casa do avô. Os pais dele não estavam no
local no momento da picada.
Simão Pedro Gonçalves, pai do menino, conta que ao se preparar para
tomar banho, o filho se escondeu atrás da porta e acabou sendo picado no pé. No
momento em que davam banho para que ele fosse levado ao hospital da cidade,
acabou levando mais uma picada no dedo do mesmo pé.
"Foi um susto enorme, quando a gente chegou ele estava praticamente
desacordado, você não sabe o que faz. Agora ele já está mais calmo e obedece
quando a gente fala para ficar quieto e que vai passar. O conselho que sempre
falo é para ter bastante cuidado com limpeza, com caixas e lugares que tenham
umidade ", diz Aline Rodrigues, mãe.
Referência no atendimento
O Hospital Universitário é referência em casos de animais peçonhentos no
Norte de Minas Gerais, por isso, recebe pacientes de vários municípios. Somente
neste ano, foram feitos 1.792 atendimentos por picadas de escorpião. Em 2018,
uma criança de seis anos, natural de Várzea da Palma (MG), morreu. E em 2019,
um adolescente de 12, de Porteirinha (MG), faleceu.
O médico infectologista Tiago Fonseca explica que os pacientes são
avaliados assim que chegam à unidade de saúde; os adultos são atendidos por
clínicos gerais e as crianças por pediatras. Em seguida, é verificada a
necessidade do soro antiescorpiônico. Dependendo do quadro, outros
especialistas também podem ser chamados. A orientação do médico é que as
pessoas picadas por animais peçonhentos sempre procurem por atendimento em uma
unidade de saúde.
Cuidados
O médico e coordenador da Clínica Médica do Pronto-Socorro do HUCF,
Guilherme Braga Muniz, explica que alguns cuidados podem ser tomados em relação
aos ataque de animais peçonhentos.
“Deve-se fazer a profilaxia ou prevenção na residência, como limpar o
quintal, não acumular lixo, locais de alta umidade, ambientes escuros ou
materiais como telhas, madeiras, pois são ambientes ideais para estes animais”,
disse.
Outra dica, de acordo com o médico é,
“olhar sempre as roupas e sapatos antes de usar. E em caso de vir a ser
atacado, procurar imediatamente o hospital mais próximo ou o HUCF que é
referência nestes casos”, finaliza.
G1 Grande Minas
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