Gabriel Pimentel dá aulas de história na instituição. Foto: Reprodução.
Gabriel
Pimentel dá aulas de história na instituição. Foto: Reprodução.
Na
última sexta-feira (29), o professor de história Gabriel Pimentel, de 29 anos,
foi preso dentro da Escola Estadual Lourdes de Carvalho, no bairro Alvorada, em
Uberlândia, Minas Gerais, por volta das 19h. Um vídeo que circula nas redes
sociais mostra o momento da prisão do educador. Nele, é possível ver policiais
militares agredindo e arrastando Gabriel pelo chão. Com a força que ele é
puxado, sua blusa chega a rasgar.
De
acordo com informações do boletim de ocorrência do caso, os policiais faziam
uma ronda pela região quando avistaram uma pessoa “suspeita” de bicicleta perto
da escola. Quando observou os PMs, a pessoa teria ido se esconder na escola.
Lá, eles teriam abordado dois estudantes. O professor teria visto a ação e
interferido questionando a abordagem deles. Então, ele também foi submetido a
uma revista.
Ainda
de acordo com as informações do boletim de ocorrência, Gabriel teria se
recusado a colaborar com os policiais e tentado se desvencilhar com
agressividade várias vezes da revista que teria começado com ele e com sua
mochila e teria passado para o seu carro. Além disso, é dito que ele tentou
fugir e que os policiais começaram uma perseguição dentro da escola. O registro
policial também diz que algumas pessoas, no pátio do colégio, hostilizaram os
PMs e outros pareciam querer tentar ajudar o professor a fugir.
Por
isso, os agentes de segurança teriam optado por usar o spray de pimenta e
dispersar aqueles que estavam no local. Ao menos na gravação que circula nas
redes sociais, no entanto, não foi registrado nenhum tipo de reação violenta de
Gabriel ou de qualquer pessoa que estivesse perto dele. É possível ouvir apenas
algumas pessoas dizendo que ele era professor no local na tentativa de fazer
com que as agressões parassem.
Mesmo
assim, ele foi levado para a delegacia sob a alegação de desacato,
desobediência e resistência a prisão. O professor ficou preso até esta
segunda-feira (1º) e responderá em liberdade. De acordo com informações
passadas ao blog pela professora Jorgetânia da Silva Ferreira, que acompanhou
Gabriel na delegacia, o educador tentou apenas defender os alunos de uma
abordagem abusiva.
Além
disso, Jorgetânia questionou a atuação da polícia dentro da instituição na
última sexta. “Entrariam em uma escola de ricos e arrastariam um professor? A
direção seria ouvida?”, pergunta dizendo que o todos são considerados suspeitos
na periferia. “A pobreza é criminalizada”, diz Jorgetânia.
Segundo
a professora, Gabriel começou a dar aulas na escola faz pouco tempo e é muito
querido pelos alunos. “Estive com ele na delegacia e ele estava assustado com
que poderia lhe ocorrer”, afirmou. “Ele foi para o presídio tendo dois
empregos, endereço fixo e não tendo antecedentes criminais. Vamos dar um tempo
para ele recuperar dessa violência e vamos pensar com ele o que fazer. O que
ele precisa saber é que não está só”, disse.
Questionada
pelo blog, a Polícia Militar de Minas Gerais afirmou que foram encontrados
cigarros de maconha com os alunos que foram abordados pelos policiais e que foram encontradas 24 bitucas de cigarro de maconha no interior do veículo do professor.
cigarros de maconha com os alunos que foram abordados pelos policiais e que foram encontradas 24 bitucas de cigarro de maconha no interior do veículo do professor.
Ainda
de acordo com o comunicado encaminhado para o blog, uma porção de maconha
também foi achada próximo ao console da marcha do veículo. Gabriel milita pela
descriminalização da maconha e é estudioso da temática. O tema da monografia
dele foi “Movimento Social Marcha da Maconha: proibicionismo e estigmas”.
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