Uma infestação de besouros conhecidos
como potós tem incomodado moradores da cidade de Januária, no Norte de Minas. A
espécie chamada cientificamente de besouro bombardeiro pode provocar
queimaduras caso libere líquidos na pele humana e causa mau cheiro, segundo
especialistas. Centenas de pessoas da cidade sofreram ferimentos leves, e a
incidência dos bichos nos comércios, praças, escolas e hospitais tem
prejudicado até a economia da cidade, segundo empresários.
De acordo com o entomologista Fernando
Barbosa, os potós são larvas subterrâneas que são atraídas para a superfície
quando o clima está quente e úmido, registrado em Januária nos últimos dias.
“Eles encontram condições ideais para se reproduzirem, e isso acaba estimulando
este surto populacional, que ocupa espaços inclusive nos ambientes urbanos”,
explica.
O especialista afirma que os besouros
têm aparecido em quantidades acima do normal, e que há anos a cidade não
registra o problema. Os insetos estão em praticamente em todos os espaços. Na
sede do Instituto Federal do Norte de Minas, em Januária, os insetos têm
atrapalhado as atividades escolares. Além de se concentrarem próximo a postes e
luminárias na parte externa do campus, os besouros também estão dentro do
prédio.
“Eles entram nos computadores que a
gente faz manutenção. E aí eles entram e a gente tem que abrir as máquinas para
ficar tirando sempre. Incomoda muito, porque o cheiro deles, depois de uns dois
dias no lugar, fica muito ruim nas salas”, diz a estudante Stefany Meireles.
No setor de bares e restaurantes,
empresários relatam que os clientes têm evitado ir aos estabelecimentos por
conta da alta incidência dos besouros. Segundo o responsável por um bar da
cidade, Carlos Aroldo da Silva, o movimento caiu muito. “O pessoal chega e vê
aquele movimento enorme de besouro, então eles se espantam e vão embora mesmo.
Porque queima também, né? Além do cheiro. Então quem senta aqui reclama
bastante”, conta o empresário.
Cuidados a serem tomados
Uma das consequências que mais preocupa
a população em relação à alta incidência de besouros é a queimadura provocada
por ele quando há contato com a pele humana. Os moradores contam que não é a
primeira vez que o inseto invade Januária, mas há muitos anos não incomodava
tanto.
“Isso incomoda muito, já vi muita
criança queimada, mesmo que não fere muito. A noite a gente não consegue dormir
bem, porque tem que colocar algodão no ouvido com medo dos bichos entrarem
dentro da orelha da gente”, lamenta a dona de casa Neuza de Souza.
Segundo o entomologista Fernando
Barbosa, apesar de incomodarem, as larvas são praticamente inofensivas e não
causam problemas de saúde. Apenas o líquido que liberam quando apertados contra
uma superfície é que pode provocar as queimaduras leves. “Quando eles soltam um
líquido quente com algumas substâncias é que podem provocar queimaduras nas
regiões mais sensíveis da pele humana”, esclarece.
A previsão é de que a infestação seja
amenizada nos próximos sete dias, quando os besouros devem retornar ao habitat
natural deles. O entomologista afirma que existem algumas dicas para que a
convivência com o inseto seja menos incômoda.
“Dentro de casa, evitar manter lâmpadas
acesas, na parte externa e interna. Evitar também pressionar o besouro sobre a
pele, porque quando aperta ele responde e libera a substância, que causa a
queimadura”, diz Barbosa.
Um representante do Instituto Estadual
de Florestas de Januária afirma que o órgão também se preocupa com a
proliferação do besouro. Para o IEF, os animais que são predadores naturais dos
bichos devem ser preservados para que a incidência diminua, por isso campanhas
de conscientização estão sendo feitas, de acordo com o supervisor Mário Lúcio
dos Santos.
“Nas palestras temos conscientizado a
população para importância dos predadores, como sapos e lagartos. É muito comum
as pessoas jogarem sal nos sapos, matarem lagartixas, e estes são os principais
predadores urbanos. Na zona rural, nós temos intensificado campanhas contra
desmatamento e uso do fogo, para que a situação não fique dessa forma”, afirma.(G1 GRANDE MINAS)
Comentários
Postar um comentário