Funcionária de casa lotérica é presa em Montes Claros suspeita de aplicar golpe em idoso de 85 anos
Um idoso de 85 anos procurou a Polícia
Militar no início da tarde desta sexta-feira (14) após suspeitar de ter sido
vítima de um golpe de estelionato em Montes Claros. Através do extrato
bancário, o aposentado conseguiu comprovar que saques duplos de mesmo valor
foram feitos na conta dele sem autorização. A funcionária de uma casa lotérica,
localizada em um shopping, foi presa como suspeita do crime; a mulher, de 37
anos, foi contratada para fazer atendimentos no caixa preferencial do
estabelecimento. Ela é suspeita de aplicar o golpe na conta do aposentado há
pelo menos três meses.
Nesta sexta, o aposentado foi até a
casa lotérica e solicitou à atendente um saque de R$ 500. Como a funcionária
pediu que inserisse a senha duas vezes, um familiar que acompanhava o idoso
resolveu tirar um extrato em outro terminal para conferir os valores. A família
já estava desconfiada de que algo de errado vinha acontecendo, porque o idoso
reclamava de que o dinheiro estava desaparecendo da conta.
Domingos Custódio Jorge é morador de
Claro dos Poções, município perto de Montes Claros, e costumava ir até a
lotérica fazer o tipo de serviço há algum tempo. Ele conta que tudo começou
quando foi transferir um dinheiro para a nora e sentiu que havia sido bem
atendido. Como a funcionária começou a fazer ligações para ele, o convidando
para comprar bolões, o idoso passou a frenquentar a mesma lotérica sempre e se
dirigia até a mesma funcionária do caixa preferencial. “Ia sempre lá porque era
para o idoso. Ela deve ter olhado pra mim e pensado que sou muito humilde. Ela
deve ter pensado que não tenho cultura e fez isso comigo”, diz.
A família do aposentado retirou
extratos dos últimos três meses. A documentação mostra que no dia 6 de julho
foram feitos dois saques seguidos, de R$ 700. No dia 27 do mesmo mês foram
feitas mais duas transações repetidas, de R$ 400. O possível golpe desta sexta
pode ter sido o terceiro aplicado contra o mesmo idoso.
“Havia um negócio assim: ‘o senhor foi
lento, tem que por senha de novo’. Fiquei cismado, porque tinha que ser em
dobro? Fomos olhar e em questão de segundos tinha saque dobrado. Eu pedi R$
500, falei que queria. Sou idoso e não tenho experiência. Ela disse ‘bate a
senha’. Depois falou que não deu certo, perguntei porque e ela disse que fui
muito lento. Quando coloquei a senha de novo, fui em outro terminal e pedi o
extrato. Aí ficou constatado saque duplo. Uma vez R$ 700, uma vez R$ 400 e
agora R$ 500”, relata Domingos.
O sargento da Polícia Militar, Charley
Faria Santos, explica que a família ainda relatou que a atendente fazia contato
telefônico com a vítima, tentando estabelecer uma relação de confiança com o
idoso. “Um tenente aposentado é parente dele e teve informação que o idoso
estava perdendo dinheiro da conta. Ele confirmou através de extrato que havia
saques duplos. Ela [a atendente] mantinha contato telefônico com ele, pedia
queijos, então ela procurava estabelecer relação de proximidade para saber se
ele havia descoberto o golpe”, relata.
A polícia não descarta que a mesma
funcionária possa ter aplicado outros golpes de estelionato. “Quem sentir que
foi lesado, procure a Polícia Militar, para que as providências cabíveis sejam
tomadas. É bom que seja tirado o extrato para que se comprove duplicidade dos
saques”, afirma o sargento Charley.
A mulher presa foi levada à delegacia
de plantão, onde será ouvida pela Polícia Civil.
O que diz a defesa
A advogada da funcionária da loteria,
Maria Lúcia Nunes da Rocha Leão, informou que houve falha operacional do
sistema, e que o saque precisou ser repetido. “Não há chance e quem acusa vai
ter que provar. O que houve foi que a máquina travou e teve que reiniciar”,
diz.
Quando questionada sobre os extratos
dos meses anteriores, em que constam outros saques duplos, a advogada disse que
a cliente não se lembra de tudo o que ocorreu na lotérica. A defesa afirma
ainda que o aposentado pode estar gastando dinheiro sem que a família saiba e
que terá de provar as acusações.
O G1 foi até a Casa Lotérica
na tarde desta sexta para saber se o estabelecimento iria se pronunciar sobre o
assunto. A gerente afirmou que foi orientada por advogados a não comentar o
caso.(G1 GRANDE MINAS)
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