Onça Suçuarana morre em aldeia indígena em São João das Missões
Uma
Onça Suçuarana morreu nesta quinta-feira (3) em uma aldeia das Cavernas do
Peruaçu, dentro da Área de Preservação Ambiental, em São João das Missões.
Foram os indígenas que perceberam a presença da onça na aldeia e fizeram
contato com a Secretaria de Meio Ambiente em São João das Missões.
De
acordo com o ambientalista e secretário de meio ambiente, Adailton José de
Santana Oliveira, a onça estava extremamente debilitada e não apresentava
riscos aos indígenas. "Ela apareceu ontem à tarde, e, imediatamente, o
pessoal me ligou e tomamos todas providências juntos aos órgão
ambientais", disse o secretário.
O
ambientalista acredita que os animais estão com dificuldades de sobrevivência
em função do incêndio
que atingiu a reserva indígena em fevereiro deste ano. Na ocasião, as
chamas destruíram 530 hectares de vereda e o fogo foi controlado após seis dias
de combate. A área destruída tinha como predominância a vegetação de buritis, e
o fogo se propagou rapidamente, impulsionado pelo calor forte e a grande
quantidade de matéria orgânica encontrada no solo local.
“A
onça é comum na região, mas não em área povoada. Como houve degradação em
função do incêndio em fevereiro, os rios secaram e há falta de alimentos. Com
isso, os animais estão indo com mais frequência às aldeias. No entanto, esta é
a primeira vez que temos relato de uma onça debilitada aparecer no local”,
explica o secretário.
Técnicos
do Instituto Estadual de Floresta (IEF) foram à aldeia nesta quinta para
resgatar a onça, mas ela não resistiu e faleceu no local. A carcaça foi
recolhida e encaminhada ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) em
Montes Claros.
“Nós
iremos fazer exames nesta carcaça para que possamos tentar resgatar o máximo de
informações sobre a origem desta onça. Sabemos que é um animal silvestre que
está em extinção e, por isso, é importante fazer este resgate histórico”,
explica a bióloga do Cetas, Cilene Barbosa.
A
bióloga explicou ainda que uma parceria entre o órgão ambiental e a Unimontes
possibilitou que a carcaça fosse doada à universidade. “Será exposto no museu
da Unimontes. Fará parte de um programa de educação ambiental, e é essencial
que as pessoas entendam o histórico deste animal. Assim, podem ajudar a
preservar a espécie”.
Para
o professor Vicente Ferreira, responsável pelo laboratório de taxidernia da
universidade, receber um animal desta espécie pode contribuir para a
disseminação do conhecimento sobre a região. “Os animais do cerrado estão
acabando. Ter um animal deste é uma oportunidade para professores e estudantes
entenderem melhor nossa fauna”.
O
professor informou ainda que o Museu Regional já possui 24 animais em
exposição. “Eles estão expostos em redomas de vidro. Agora iremos preparar a
onça, trabalho que pode levar mais de 30 dias, devido ao porte deste animal”.
Onça
Parda ou Suçuarana
A
onça Parda ou Suçuarana, como é conhecida, é uma predadora, oportunista, que
ataca eventualmente criações de galinha e pequenos animais. “Em Minas Gerais,
temos relatos que acontece a caça ao animal em retaliação à preservação das
criações e até por certo de medo de ataques a humanos, ainda que este seja um
evento extremamente raro. Ficamos satisfeitos com o contato dos indígenas para
o resgate, demonstrando respeito ao animal e interesse na preservação da vida
dele”, disse Daniel Dias, analista ambiental do Cetas.(G1 GRANDE MINAS)
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