Prefeitos de Minas não querem tentar a reeleição
Yuji Yamada (PRP) prefeito de Janauba-MG
FRANSCINY ALVES - ESPECIAL PARA O TEMPO
Crise política e financeira, desgaste
político e campanha sem financiamento privado. Todos esses aspectos, se
somados, resultam em um cenário desanimador para prefeitos que poderiam tentar
conquistar um segundo mandato nas eleições deste ano.
Levantamento realizado por O TEMPO mostra
que, dos chefes dos 853 municípios mineiros, 683 estão aptos a concorrer ao
pleito municipal. Mas, em conversa com a reportagem, alguns deles
confidenciaram que o desejo de dar continuidade à gestão tem dado lugar,
principalmente, à desistência.
Na avaliação de Antônio Andrada (PSB),
presidente da Associação Mineira de Municípios (AMM) e prefeito de Barbacena,
na região Central de Minas, o cenário nacional tem tirado dos prefeitos o
desejo de tentar a reeleição. “Em 30 anos de vida pública, nunca vi tamanho
desânimo e falta de perspectiva dos prefeitos. A crise econômica e o cenário
nacional os desanimam. Os municípios dependem de verbas estaduais e federais, e
a instabilidade política gera dificuldades no encaminhamento dessas verbas. E
não tem como comandar uma cidade sem dinheiro”, explica.
Andrada não tentará se reeleger neste
ano porque deverá se candidatar à Câmara Federal em 2018. “Eu já tive outros
mandatos e acho que cumpri minha etapa municipal”, diz.
Para Jeferson de Almeida (PSDB), que
comanda a cidade de Cana Verde, no Centro-Oeste mineiro, não “compensa” ser
prefeito no Brasil. “A despesa aumenta, e a receita diminui. Não compensa ser
prefeito em um país igual ao nosso. Temos as leis que nos dão atribuições, mas
não temos recursos para colocá-las em prática”, afirma.
Ainda de acordo com Almeida, ele está
conseguindo “com muito custo” manter as contas do município, com cerca de 6.000
habitantes, em dia, mas não conseguiu realizar algumas promessas que fez
durante a campanha. “A gente está funcionando bem, na medida do possível. Mas
muitas coisas que eu prometi e queria fazer, não dei conta. O país está um
caos, e ninguém olha para as cidades pequenas”, desabafa.
O primeiro prefeito japonês do Brasil,
Yuji Yamada (PRP), que chefia Janaúba, no Norte do Estado, se diz decepcionado
com a política do país. Proprietário de uma exportadora de bananas que possui
20 fazendas em Minas, Yamada declara que irá voltar para a área da iniciativa
privada.
“Não tenho interesse em continuar na
vida pública. Eu não sabia que os políticos agiam com tanta rivalidade. Na área
privada, temos como manter as contas em dia e temos mais controle”, diz.
Yamada ainda conta que é difícil
comandar uma cidade como Janaúba, que tem mais de 70 mil habitantes, em tempos
de crise. “A economia do Brasil enfraqueceu muito. Os gastos aumentaram, e os
repasses diminuíram. Eu planejei as coisas de uma maneira, mas não consegui
fazer por causa da economia”, revela.
Comentários
Postar um comentário