Faxineira come um bombom da mesa do delegado e é autuada por furto pela Polícia Federal
Uma faxineira que prestava serviço à
sede da Polícia Federal em Boa Vista (RR) foi
autuada em flagrante por furto qualificado após ser flagrada comendo um bombom
de chocolate pertencente ao delegado federal Agostinho Cascardo, na última
quinta-feira (30). O delegado é corregedor da PF em Roraima. Apesar de autuada
em flagrante, a mulher não foi presa.
A mulher pegou "sem
autorização" um bombom de uma caixa de chocolate, que estava em cima da
mesa, e comeu durante a faxina na sala do delegado. O furto foi flagrado pelas
câmeras do circuito interno de imagens e, segundo a PF, foi aberta uma "notícia-crime"
contra a prestadora de serviço. A faxineira foi afastada das funções na PF e
devolvida à empresa prestadora de serviço.
A mulher, que pediu para não ter o nome
divulgado, disse que não imaginou que o delegado "iria fazer questão de um
bombom" e se propôs a pagar o valor do chocolate, mas o delegado recusou.
"Fui levada à sala do delegado e me
perguntaram sobre o chocolate. Eu disse que comi. Peguei a embalagem no lixeiro
e entreguei ao delegado. Não imaginava que ele ia fazer tanta questão, até me
ofereci para pagar, mas ele disse que não era o pagamento que ia resolver
porque eu poderia ter pego um documento. Eu não teria coragem de pegar nada de
ninguém, nunca peguei nada de ninguém", defendeu-se a mulher.
Ela disse que teme perder o emprego,
ficar marcada e não conseguir mais trabalho. "Tenho quatro filhos para
criar e sei que emprego está difícil. Eu não imaginava que comer um bombom
traria esse transtorno todo. Estou envergonhada de tudo que aconteceu."
O caso foi classificado pela OAB (Ordem
dos Advogados do Brasil), seccional Roraima, como "abuso de poder". O
presidente da OAB-RR, Jorge Fraxe, analisou que a autuação da faxineira foi
"desproporcional", já que o ato não feriu o patrimônio de ninguém e,
dessa forma, não pode ser considerado crime.
O advogado afirmou que o ato
cometido por ela pode ser enquadrado como "desvio de conduta leve" e
não haveria a necessidade de ter aberto um inquérito policial sobre o caso. Ele
orientou a faxineira a registrar o ocorrido na Comissão de Direitos Humanos da
OAB-RR para o caso ser analisado.
A PF informou que o inquérito foi
arquivado ainda na quinta-feira por se tratar de "crime de valor
irrisório". Não houve perícia da embalagem, mas o papel foi anexado ao
inquérito. O delegado Cascardo não se pronunciou sobre o assunto.
Mesmo com o arquivamento do inquérito, a
instituição recomendou o afastamento da funcionária das instalações policiais
e, à empresa terceirizada que a emprega, a demissão por justa causa.
A faxineira ainda não decidiu se
contratará um advogado para se defender ou buscar reparação. A OAB local, por
sua vez, informou que vai analisar queixa na Comissão de Direitos Humanos, se
ela for registrada.( noticias.uol.com.b)
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