Deputada Raquel Muniz é citada em investigação no Norte de Minas
JAIBA É O ÁPICE DO COMEÇO
Reprodução/Youtube
Esquema foi usado para apoiar a campanha da deputada federal Raquel Muniz (PSL)
Um ano e três meses após a Polícia Federal (PF) desarticular um esquema de desvio de verbas em Jaíba, no Norte de Minas, que resultou na cassação do mandato do prefeito Jinny Murça (PCdoB), o Ministério Público Estadual (MPE) deflagrou nesta quarta (18) a operação “Ração de Papagaio”, com o objetivo de reaver R$ 15 milhões desviados dos cofres da cidade por meio de várias fraudes.
De acordo com o MPE, 29 pessoas estão na lista dos investigados, dentre eles todo o primeiro escalão da prefeitura, empresários locais e dois vereadores.
O esquema, conforme interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça, atuou em favor da campanha da deputada federal Raquel Muniz (PSL), mulher do prefeito de Montes Claros, Ruy Muniz (PRB), eleita em 2014 pela primeira vez. Curiosamente, Raquel obteve apenas 4% dos votos válidos da cidade.
Funcionários fantasmas, direcionamento de licitações, pagamentos de propina, uso de empresa de fachada e desvio de recursos por meio de diárias de viagens e gratificações irregulares estão entre as irregularidades descobertas.
Segundo o inquérito, na véspera da eleição passada houve um aumento expressivo de contratações de servidores comissionados para atuarem como cabos eleitorais dos candidatos ligados ao grupo político do prefeito Enoch de Lima (PDT).
O responsável pelo súbito inchaço da máquina administrativa é o irmão do prefeito, o médico Wellington Lima, segundo o inquérito. O vereador Elias do Açougue (PHS) foi flagrado em vários diálogos telefônicos exigindo dos secretários e do prefeito a liberação de servidores para atuar na campanha eleitoral do ano passado. Conforme o combinado, 15 assessores da Secretaria de Meio Ambiente foram colocados à disposição da campanha. Procurados, a Prefeitura de Jaíba e a deputada não retornaram aos pedidos de entrevista.
Apontado como chefe da quadrilha, irmão do prefeito recebia salário de R$42 mil por mês
O médico Wellington Lima, irmão do atual prefeito de Jaíba, Enoch de Lima (PDT), é apontado como o chefe da organização criminosa que detém o comando político da cidade. A participação do prefeito não foi evidenciada no curso da investigação.
No ano passado, Wellington foi contratado pela prefeitura, sem concorrência pública, pela quantia de R$ 508 mil em 12 meses, perfazendo um salário mensal de R$ 42.350 para realizar consultas psiquiátricas.
Em um grampo telefônico, Wellington, que não possui especialização na área da psiquiatria, diz ter realizado, em um único dia, 82 consultas no período de 7h às 19h, o que dá uma média de um atendimento a cada oito minutos. Com autorização da Justiça, sete servidores foram afastados. Houve ainda o cumprimento de 29 mandados de condução coercitiva e busca e apreensão de documentos.
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