MINISTÉRIO PÚBLICO: CORBY DRIBLAVA ATÉ O LEÃO

                                            CORBY, (FOTO)



ESCRITO POR LUÍS CLÁUDIO GUEDES | 13 MAIO 2014
Delação premiada de ex-secretário da administração Rudimar lança luzes sobre esquema montado por Corby em prefeituras do extremo Norte de Minas
O Ministério Público de Januária voltou a carga contra o empresário Marcus Vinicius Crispim, o Corby, a quem acusa de comandar ‘organização criminosa’ responsável por fraudar licitações em várias prefeituras norte-mineiras. No pedido de homologação de acordo de delação premiada firmado com o ex-secretário de Administração da Prefeitura de Itacarambi Nestor Fernandes de Moura Neto, em novembro do ano passado, mas só encaminhado à 1ª Vara Criminal da Comarca de Januária no final do mês de março, os promotores Franklin Pereira Mendes e Daniela Yokoyama estimam a fortuna de Corby em valores superiores a R$ 20 milhões.
Apesar do estilo de vida milionário e da condição de dono de dezenas de imóveis, muitos deles em nomes de laranjas, mantidos sob estrito controle por meio de contratos de ‘permuta de bens e de promessa de compra e venda’, Corby, além dos demais integrantes daquilo que o Ministério Púbico classifica como quadrilha, não tinha o hábito de prestar contas ao Imposto de Renda.
Os promotores suspeitam que, apesar dos muitos sinais exteriores de riqueza e das altas somas em dinheiro vivo com as quais lidavam, Corby e sua patota 'figuravam na condição de isentos ou, no máximo, se limitavam a declarar valores de renda e patrimônio apenas simbólicos' na declaração de ajuste anual do Imposto de Renda. Para o MP, além de sonegar o imposto federal, o grupo teria criado ‘sofisticada rede de corrupção’ para desvio de recursos públicos em Itacarambi, Januária, São João da Ponte, São Romão e Cônego Marinho.
Delação premiada
O ex-secretário Nestor Fernandes topou fazer o acordo de delação premiada para reduzir sua pena pela metade, em caso de condenação, além de não voltar a ser preso durante o curso da ação. O teor das declarações do antigo amigão do peito de Corby e do ex-prefeito de Itacarambi Rudimar Barbosa está sob sigilo judicial. Mas consta que ele não aliviou a barra dos dois ex-amigos e detalhou aos promotores o modo operandi do esquema, desde o financiamento das campanhas até o aliciamento de servidores públicos para facilitar as fraudes em licitações e contratos . 
Nestor teria lançado mais luzes sobre fato corrente na microrregião de Januária: o ex-prefeito Rudimar era cliente cativo na boca do caixa do 'Banco de Crédito Corby', de quem contraia vultosos empréstimos quitados na forma de contratos fraudulentos com a Prefeitura de Itacarambi. O ex-secretário Nestor rompeu de vez com a dupla Corby/Rudimar, que, no período das vacas gordas, foram seus padrinhos de casamento com Daniela Pinto Mota.
Levada pelo maridão para Itacarambi, Daniela ocupou o cargo de presidente da comissão de licitações do município. Nestor foi convidado para trabalhar em Itacarambi, porque teria grande conhecimento na legislação que trata dos processos licitatórios, apesar de ter apenas o ensino fundamental. Essa turma toda, como se sabe, foi presa pela Polícia Federal em maio do ano passado, durante a Operação Padrinhos de Casamento.Corby e Rudimar seguem detidos em presídios do Norte de Minas. O Ministério Público parece perto de trazer à luz do sol os negócios escusos de Corby e sua turma. Com a ajuda de Nestor, o delator, seria possível descobrir os nomes de outros empresários que fomentam o negócio da corrupção na região, responsável por desviar recursos que inicialmente destinados a melhoras a vida do sofrido povo do semiárido. Corby não teria sido o único a fazer fortuna, só precede na fila dos que deram de cara com a lei.


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